Embora misoginia seja definida como “ódio e/ou aversão às mulheres e meninas” ela não é praticada apenas na forma de violência fisica. A misoginia é também expressada através da violência psicológica, da discriminação, da desqualificação e da objetificação sexual de meninas e mulheres.
Quando um homem se ofende ao receber um não de uma mulher e a xinga ou desqualifica por isso, ele está sendo misógino. Quando considera-se uma mulher que fala por si mesma como arrogante ou se ofende com a opinião dela também.
Eu sou mentora de liderança e prosperidade feminina e sou provocada pelos colegas de trabalho com a indagação: por que não trabalhar com empoderamento masculino? Sempre explico que em uma sociedade patriarcal onde homens, acostumados a ditar regras, dominam relações e até os corpos femininos é o lado reprimido que precisa retomar o seu poder.
Que fique claro que a luta feminista não é contra os homens, é contra o status quo de uma sociedade machista e sexista, é em prol do respeito, da igualdade de direitos e oportunidades para homens e mulheres.
Em meu novo livro “Mulheres que Transformam Mulheres: Seja Protagonista da sua Vida” há um texto relatando um caso de violência obstétrica em um hospital público que culminou em “julgamento” da mãe como culpada pela morte do bebê. Tal consenso foi gerado a partir do discurso do médico que a negligenciou na hora do parto e alegou que a morte fora causada pela falta de acompanhamento pré-natal.
Precisamos exercitar a sororidade, aprender a deixar de julgar as mulheres como nos ensinaram desde pequenos. Precisamos escutar nossas irmãs, levantar os porquês, desnaturalizar os discursos machistas. Perguntar pelo pai quando ouvirmos críticas a alguma mãe. É desafiador, mas nós vamos conseguir.
Recentemente fomos surpreendidos pelo caso de ameaça sofrida por uma atriz, vinda de um “coach de masculinidade” que confunde feminismo com libertinagem sexual e declara que não existem feministas felizes. Aliás a ideia de que “toda mulher feminista é mal amada” é muito difundida pelo discurso de misógino de quem não aceita o fato da mulher não ser submissa.
Os “red pills”, como são chamados os homens que “dizem conseguir escapar da dominação feminista”, costumam usar as redes sociais para promover uma visão deturpada do “homem de valor” que segundo eles é determinado pelo sucesso financeiro. Seus adeptos costumam compartilhar conteúdos contra o feminismo, movimento negro e movimento LGBTQIA+.
Tantos discursos de ódio contra mulheres, manuais de masculinidade, definição de valores da mulher pelos atributos físicos e idade só demonstram a masculinidade frágil de seus defensores. Relacionar-se com mulheres maduras é para os fortes, homens que não se sentem amedrontados por uma mulher segura.
Dia 08 de março comemoramos o Dia Internacional da Mulher, mas, infelizmente, muito mais do que comemorar, ainda temos muito que lutar pelos direitos das mulheres.
Durante o mês de março, quando tanto se fala sobre valorização da mulher, me assusta ver mulheres postando memes com os dizeres: “não quero flores, quero respeito”. Eu quero respeito e flores! Não é porquê sou feminista que vou deixar de apreciar os atos de cavalheirismo do meu esposo.
Ainda em 2023 precisamos gritar: “Somos mulheres e queremos respeito!”. “Queremos salários equiparados aos salários de homens que exercem as mesmas funções”. “Queremos escolher nossos parceiros”. “Queremos falar de igual para igual e ser ouvidas com respeito. E porque não, queremos homenagem também, afinal se não houvessem as mulheres ninguém teria nascido.
Parafraseando Chimamanda Ngozi Adichie, meu convite hoje a você é: sejamos todos feministas. Afinal feminista “é o homem ou a mulher que diz: ‘sim, existe um problema de gênero ainda hoje e temos que resolvê-lo, temos que melhorar.”
Eu acredito que toda mulher é poderosa por natureza, merece respeito e pode viver a vida que escolher ter. Beba você cerveja, cachaça ou Campari, respeite as mulheres!