Além de modelo, apresentadora e atriz, Fernanda Motta também se considera hoje um “instrumento vivo de que a fé move montanhas”. Aos 40 anos, ela lembra de sua luta contra um câncer de mama — curado em 2020 após 11 meses de tratamento — e conta que adora responder às diversas mensagens que recebe nas redes sociais sobre o assunto: “Não sou supermulher, só tento compartilhar uma forma diferente de enxergar essa jornada”.
Casada há duas décadas com Roger Rodrigues, a modelo está com “a fábrica fechadíssima” para outros filhos além da pequena Chloe, de sete anos. Depois de ter passado por esse susto, que a surpreendeu um pouco antes do início das gravações da novela “Bom sucesso”, da Globo, Fernanda acumulou ainda mais energia para voltar com tudo aos trabalhos na moda e na TV, sem deixar de lado o novo propósito: “Contar a minha história e espalhar a mensagem do autocuidado”.
Diagnóstico
“Sempre cuidei da minha saúde e mantive meus exames em dia. Como conhecia bem o meu corpo, percebi um nódulo diferente. Fui investigar e recebi o diagnóstico de câncer de mama. Foi uma surpresa, principalmente nessa idade, uma pessoa que se cuida... A gente fica triste, claro, mas quando meu médico disse que as chances de cura eram de 95% por eu ter descoberto no começo, deu um certo alívio”.
Família e amigos
“Meu marido foi muito parceiro desde o começo. Não sentei com a minha filha para conversar sobre isso, ela era muito pequenininha e acho que a criança não precisa receber essa carga de preocupação. Demorei um pouco para contar para os meus pais porque queria entender melhor como seria. Sempre pedi para as pessoas não terem pena de mim, e sim certeza de que tudo iria dar certo. Conviver com quem acredita na sua cura faz total diferença, dá muito mais garra”.
Tratamento
“Fiz 13 sessões de quimioterapia, mastectomia total e quimioterapia oral. O tratamento era de seis meses e acabou quase dobrando. Hoje estou aqui com os seios novos que me deram, os meus bebês”.
Trabalho
“Para muita gente, saber que tem câncer é como uma sentença de morte. A doença é séria e difícil, mas tem cura. Principalmente com o diagnóstico precoce. Com a ajuda de remédios para amenizar os efeitos colaterais do tratamento, não deixei de trabalhar. Quando tinha algum sintoma, respeitava meu corpo e descansava. Mantive uma boa alimentação, fiz exercícios, cuidei do meu psicológico. Não foi um mar de rosas, tanto que meu tratamento durou quase o dobro do que estava previsto, mas tentei continuar minha vida, não deixar a peteca cair”.
Autoestima
“Tentei amenizar as mudanças na pele, que fica mais fina e amarelada. Usava blush, aprendi a pintar a sobrancelha e a parte do olho onde não tinha mais cílios, usei peruca... Lógico que existiram dias tristes, difíceis, como na vida de todo mundo. Mas estética não foi a primeira coisa em que pensei. É clichê, mas é verdade: cabelo cresce. O importante é você ter saúde, estar viva para quando ele crescer, você bater cabelo por aí. Hoje, que o meu está cheio e bonito de novo, eu bato umas 20 vezes por dia!”.
Propósito
“Eu não sou melhor do que ninguém, também tenho meus medos em relação à doença porque a gente demora cinco anos para ter a alta definitiva. Mas acredito que tudo aconteceu comigo porque Deus me deu essa ferramenta, uma coisa que eu já usava sem saber: minha imagem, minha vida. Logo eu, que trabalho com beleza e pessoas jovens, apareci com a doença e vivi da melhor maneira possível dentro do meu quadro. Independente do seu Deus, ter fé em alguma coisa ajuda muito. Me agarro nisso até hoje”.
Cura
“Mesmo sabendo que a cura existia, escutar que ela aconteceu foi muito marcante. É um sentimento difícil de descrever. Fiquei dando risada à toa por um mês! Hoje estou bem de saúde, graças a Deus, de seis em seis meses faço um check up. Com a cura, me descobri uma mulher mais forte, menos reclamona, mais agradecida. Tenho mais cuidado do que eu já tinha, me amo mais ainda. A única coisa que não mudou, aliás até aumentou, é que eu falo muito, ainda mais sobre esse assunto. Parece que eu preciso falar, é uma coisa doida”.
Outubro rosa
“Não deixe de fazer seus exames por medo de achar alguma coisa. Se você recebeu esse diagnóstico agora, o importante é entender o que e como fazer para que isso se resolva o mais rápido possível. É fácil falar, mas muito difícil passar por isso. Temos que acreditar que tudo dará certo. Lembre-se que é possível, a cura existe’’